terça-feira, 21 de abril de 2009

Yogue e Poeta


Ficou para Dezembro deste ano um dos maiores acontecimentos no mundo do Yoga. José Hermógenes de Andrade Filho, autor do livro Auto-Perfeição com Hatha-Yoga, aos 87 anos, lança a 50a. edição de uma das obras mais lidas na história do Yoga. Além de colocar Hermógenes entre um dos maiores autores de Yoga do mundo, isto o coloca também entre um dos mais lidos autores brasileiros. E a beleza, para os olhos de quem quer ver, é que isto acontece com um autor que é também um poeta, que apresenta o yoga na arte da escrita, do texto, da rima, da prosa, além das posturas e técnicas que parecem tão infantis mediante à realização apresentada em seus textos.

Mais beleza se mostra ao vê-lo ainda na ativa, após tantos anos, promovendo palestras, retiros de carnaval, apresentações, não só no Brasil, mas também no exterior. Sorte dos brasileiros que sabem de sua jóia preciosa.

Eis a canção que escutei o Sábio cantar:

“Não sou o que pensava ser.

O que julgava Real era apenas sombra.

O que cria valer, valor não tinha.

O consciente revelou-se-me não ser.

Vi a impermanência do que eterno me parecia.

Vi mentiras escondidas em reposteiros de verdades.

Ao desiludir-me, vi sorrisos disfarçando prantos.

Em meu desencanto descobri maldades nos que supusera santos.

Quando me desenganei, constatei a estultícia de quem supusera ser sábio.

Vi tibieza nos que pareciam fortes.

Assim como o Real se veste de aparências, os homens se vestem de ilusões.

O mal não está em o Real vestir-se de maya, nem ao homem que se veste de hipocrisia.

O mal estava no engano, no encanto, nas islusões que minha própria ignorância engendrava e nutria.

Desiludido, desenganado, desencantado, agora estou salvo.

Agora vejo.

Agora sei.

Agora Eu Sou.”


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“És pó e ao pó votarás”, ensinaram-me.

E eu me deprimi.

“És Deus e esqueceste queés: , disseram-me.

E eu me senti feliz.

Caí em dúvida:

Então há em mim treva e luz?

Divino e humano?

Glória e miséria?

Essência e existência?

Cósmico e telúrico?

Realidade e aparência?

Plenitude e vazio?

Eternidade e impermanência?

Pó e Deus?

Evidentemente que sou joio e trigo.

Céu e inferno.

Grandeza e mesquinhez.

Verdade e mentira.

Liberdade e servidão....

E agora?!...

“A existência que tens é um empréstimo. Aproveite-a para realizares a Essência”, foi o que aprendi.

...e o pó deixará de ser.

…e Deus virá a ser.


Hermógenes, Mergulho na Paz, p.193

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