Semeia, semeia. Desde a década de 60, ele o faz. Os livros de textos espirituais, poemas surgiram logo em seguida aos primeiros de yoga. O yoga ensinado em poesia, em textos, abrindo caminhos e até curando doenças. Foi assim a superação e cura do ator Jackson Antunes e muitas outras pessoas. A ilusão do véu de Maya, desvelada, pelo texto, e luz, de sabedoria. Dedos de Hermógenes que guiaram muitos caminhos, e guiam até hoje.
Até mesmo o homem das ruas já diz, com razão: o mundo está doente!
Só mesmo um otimista doido pode dizer que este é um mundo civilizado, livre, sadio, justo, honesto, tranquilo, equilibrado, perfeito…
O diagnóstico está feito.
Agora só falta o tratamento.
São tantos a diagnosticar que a segunda parte – o tratamento – está sendo esquecida. A cada dia mais um diagnosticador se manifesta contra a hipocrisia da moral, contra a imoralidade da violência, da fome… contra a imoralidade de restringir a imoralidade. A cada dia, nos jornais, nas revistas, no rádio, na televisão, em todos os canais de comunicação, surgem novas formas de acusar os outros e de protestar. Nos teatros e cinemas, roteiristas, produtores, diretores, atores, exibidores, finalmente a maioria dos industriais da arte (???!!!), com a maior audácia, regurgitam críticas sobre o que o homem faz contra o mundo e o mundo contra o homem. Os palcos estão empenhados em dizer às multidões sadomasoquistas o quanto e como o homem é sórdido. E o fazem exibindo, escandalosamente, a própria sordidez. As telas e os vídeos, os shows, os happenings… disputam a atenção das platéias mórbidas, desejosas de ver cruamente sua própria morbidez. O romance, a pintura, a própria música, em expressão erótica e expansão caótica, atiram, às faces de todos, protestos, agressões, contestações… E, na generalidade, os homens pagam para ver essa deprimente autodiagnose. Todos esses bem pagos gênios do escândalo se esmeram em acentuar as sombras. Carregam nas cores do trágico. Avolumam os gritos da degradação. Abusam em ferir, em desmascarar, em agredir, em desmoralizar ainda mais.
Não é arte. Isso não é arte. É indústria usando máscara, a máscara da arte.
A máscara serve para reclamar a liberdade que a arte reclama e merece.
Não haverá em cada “diagnosticador” um hipócrita?
Arrogantes, apenas apresentam aquilo que chamam de “a realidade humana”. Apenas impingem e agridem com um diagnóstico altamente suspeito. Não sentem – é claro – qualquer compromisso com o tratamento. Não trazem, nem desejam, qualquer esperança de solução. Não têm – e orgulhosamente o declaram – qualquer intenção de remediar o mal que denunciam. É lógico que assim procedam. Se seu negócio é vender carniça, sua ruí na seria a pureza, a melhora, o progresso espiritual das multidões que deixassem de gostar da mercadoria. Sem caridade, atrozmente, cinicamente, declaram que só lhes interessa revolver o lamaçal. Faturam com a violência. Vendem escândalo.
Chega de tanto diagnóstico, isto é, de autodiagnóstico. Autodiagnóstico, sim, pois, segundo o filósofo, “quando João fala de Paulo, fico sabendo mais de João do que de Paulo”.
Chega de chamar de arte esse negócio de denúncia, que em realidade é um aliciamento dos incautos para aquilo que é objeto da denúncia.
Chega da hipocrisia de denunciar a hipocrisia.
É muito simples localizar um monturo. Basta seguir a mosca em seu vôo.
Interessa-nos seguir o vôo da abelha em busca de pureza, luz, cores, trabalho, perfume, doçura…
O que é mais fácil já está sendo eficazmente feito: demolir.
É preciso que apareçam alguns a revelar o lado divino do homem, mostrando uma esperança, apontando para uma luz, falando de uma solução, tentando mostrar que inferioridade e angústia são desafios necessários para uma realização evolutiva.
Mas como isso está parecendo difícil!
Que esperança posso ter de que minhas canções sejam ouvidas, se os decibéis da guerra e das guitarras já ensurdecem o mundo?
Que esperança posso ter de vender algum mel de minha colheita, se o vinho da sordidez agrada e alicia muito mais?
Que futuro pode ter aquele que oferece perfumes de singelas flores campestres a quem já está enlouquecido em fuga alucinógena?
Que esperar se não sei agradar com o agredir, que às multidões agrada?
Que resultado terá meu discurso se não fala do que as massas embrutecidas desejam escutar?
Apesar de tudo, não desisto.
Nisso, imitarei o Criador.
Ele é mesmo um otimista incorrigível.
Ainda esperando que os homens o descubram, todas as noites, pontual e infatigavelmente, acende o imenso lampadário do céu.
Mas, Ele deve ter razão.
Sempre haverá um poeta distante, um místico errante, um esteta enamorado olhando o céu, gozando o esplendor, fascinado pelas estrelas.
Vou fazer como Ele.
Continuarei cantando, falando, chamando, mesmo que o faça por fazer. Mas… sempre vou esperar que alguém me escute, me entenda, e venha comigo na estrada do Espírito, que é para todos nós.
Venha irmão, para um mergulho na Paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário