Para fazer yoga precisa saber sobre as histórias da Índia? Para ser um bom praticante de yoga preciso abandonar a tradição cristã? Yoga é prática de pecadores? Tenho que recitar palavras em sânscrito? Hermógenes nos cita, exemplifica e prova as diretas relações entre os textos de Patanjali e o Novo Testamento. Desvela a nós a sabedoria que temos existente em nossa cultura ocidental, na cultura cristã, na cultura de nossos pais. Desvela que para atingir a meta final, tanto Patanjali, quanto Jesus nos deixaram excelentes indicações.
O maha guru Jesus Cristo, de forma magistral e sintética, exortou a radical submissão ao Pai, neste preceito: Faça-se a Tua vontade. (Mt 6:10) Tempos depois, exemplificou plena e sabiamente a grande lição de Ishvarapranidhana, quando, falando ao Pai, disse: Faça-se, porém não a minha, mas a Tua Vontade. (Lc 22:42) Naquele instante, incondicionalmente, aceitou todas as torturas e a própria morte que, horas depois, viria a padecer. Submeteu-se confiante e disposto a aceitar tudo. Quando conseguirmos assimilar essa lição de eterna sabedoria e seguirmos seu exemplo, poderemos também, juntos com Ele, dizer: Eu e o Pai somos um. (Jo 10:30) Essa vivência de ser Um é uma forma de se traduzir a palavra samadhi. A grande libertação sobrevirá sempre da rendição do ego pessoal (asmita) aos pés de lótus do Senhor. Esse é o maior grau de tapah.
Quem se engaja em Kriya Yoga, como estamos vendo, pratica simultaneamente karma (tapah), Jnana (svadhyaya) e Bhakti (Ishvarapranidhanna), sem precisar renunciar à vida social, familiar e profissional, sem virar ermitão. O praticante de Kriya Yoga deve fazer seu caminho para Deus, na comunhão da família, em atividade profissional e cívica. Deve continuar no mundo, vencendo desafios e tentações, feito o lótus, que, embora na água, não permite que uma gota sequer entre nele e prejudique sua pureza. A proposta é encontrar o Deus do mundo servindo ao mundo de Deus. A sociedade é seu “campo do dever”, onde, a todo instante, poderá cultivar tapah (resistência, paciência, sobriedade, invencibilidade, equanimidade e serenidade), aprofundar-se em svadhyaya (buscando conhecer sua Realidade, seu Ser) e aprimorar Ishvarapranydhana (cultuando Deus, servindo-O, amando-O e a Ele se entregando todo).
O praticante de Kriya não radicaliza nem se fanatiza. Católico, espírita, evangélico, hinduísta, maçom, místico...não importa. Todos podem tirar proveito de uma vida disciplinada e equânime, incessantemente tentando “saborear” o Ser Onipresente e a Ele se entregando confiante, recebendo o que lhe couber e Lhe agradecendo por tudo. Isso não contraria qualquer religião verdadeira, mas sem dúvida, aprimora e torna mais eficaz a religiosidade de quem quer que seja.
Hermógenes, O que é Yoga, p.66
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