terça-feira, 21 de abril de 2009

A Prece do Bom Administrador


Administrar a vida, administrar nossas relações, nosso tempo, nossa maneira de falar, de agir, de cuidar de nosso corpo, de nos alimentarmos. Esta feliz comparação que Hermógenes faz do caminho espiritual, com as metodologias de gestão, e para assentar tal ideia, a força da Oração de São Francisco de Assis.
Quando lhe perguntei qual local da Europa deveria conhecer, Hermógenes me orientou que con
hecesse Assis, na Itália. Seguindo as palavras do Professor, passei vários dias em Assis, depois de ler e estudar vária biografias do santo, entendi a importância da orientação do Professor. Quando retornei, e contei detalhes, com fotos de minha viagem, ele me contou desta análise e leitura que havia feito da prece de São Francisco. Precioso e profundo, mas acima de tudo, simples e prático, como os ensinamento de Hermógene
s.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.


Atribuída a São Francisco de Assis

O rendimento que o Grande Investidor espera de nossa administração dos talentos está aqui sintetizado de modo perfeito.

Ele quer que aumentemos no mundo e emcada pessoa A PAZ, O MOR, O PERDÃO, A UNIÃO, A FÉ, A VERDADE, A ESPERANÇA, A ALEGRIA E A LUZ.

Será isto o que estamos realizando ao pensarmos, ao falarmos, ao curtirmos, ao agirmos? Estamos ampliando e promovendo estes valores através de nosso atuar no mundo e em nós?

É muito difícil que a resposta (só vale se for sincera!) seja sim.

Promover PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, FÉ, VERDADE, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ é tarefa imensamente difícil. Quer saber por quê?

Cada um se sente como um eu personalístico, a pretender sempre subir, ganhar, acumular, vencer, dominar, firmar-se, afirmar-se, expandir-se e até imortalizar-se. Desejos, apegos, aversões e fobias mobilizam todos os talentos em favor do eu.

Se o eu é tão reivindicante, que lugar, tempo e talento nossos sobrarão para beneficair os outros? Ou para servir a Deus?

Esta hipertrofia calamitosa do eu, a meu ver, é uma doença gravíssima que, por sua vez, é a causa de todas as injustiças e crimes, de toda falta de PAZ, AMOR, PERDÃO, UNIÃO, VERDADE, FÉ, ESPERANÇA, ALEGRIA e LUZ, que mantém o mundo em sofrimento permanete. Esta enfermidade não aparece (ainda) nos tratados de patologia dos médicos. Nagarika Govinda a denomina egosclerose. O  único tratamento válido para a egosclerose é ensinado por Cristo, e para o mesmo tenho proposto o nome de humildação. Consiste em reduzir a importância que nos damos, isto é, que damos, cada um de nós, a seu eu pessoal.

Essa humildação não é somente um remédio eficaz. É o único que existe.

Desculpem-me as escolas atuais de psicologia, psicoterapia e educação quando afirmo que o formar, fortalecer, aprimorar e expandir a personalidade (o eu pessoal), que têm sido objetivos de tais ciências, reclamam uma revisão, um re-estudo.Até agora, os tratamentos psicoterápicos e a pedagogia, que visam à afirmação e à consolidação do eu, têm predominado, têm se exercido. Mas, apesar disso, a Humanidade tem melhorado? E não será exatamente por isso - a hipertrofia do ego?Indivíduos que foram formados e informados para nutrir, defender, exaltar, firmar e afirmar suas personalidades, que fizeram da Humanidade? Que estão fazendo do planeta? Pessoas cujos egos foram formados pelos psicopedagogos e tratados pelos psicólogos estão aí, lutando, impondo e se impondo, crescendo, "progredindo". Ou, ao contrário, neuróticos amedrontados, submissos, mas sempre em defesa do eu, que aprenderam a amar. Que tal essa sociedade, palco de conflitos, desamor, impiedade, desunião, descrença, hipocrisia, tristeza e treva? Que tal essa civilização formada por pessoas educadas?!.... Que tem feito ao mundo a egolatria?!Toda a primeira parte da prece de S. Francisco de Assis é um pedido, não em favor do eu, mas, ao contrário, em favor de uma minimização do eu, para chegar a se tornar (gloriosamente) um humilde "instrumento" de Deus.O egoísta pede amor. O "bom administrador" acha importante amar. O egoísta pede consolo. O "bom administrador" consola. O egoísta mendiga ser compreendido. O "servo bom e fiel" é compreensivo e misericordioso. O egoísta pede, pois quer receber sempre. O santo constantemente dá e se dá sem reclamar sequer reciprocidade.Terapeutas, médicos, educadores, psicólogos e pedagogos não podem naturalmente considerar sensato o paradoxo contundente do Santo:"É morrendo que se vive para a VIDA ETERNA".

Os grandes mestres da Humanidade são unânimes em ensinar que a VIDA ETERNA, ou o REINO DE DEUS, ou o NIRVANA, ou a ILUMINAÇÃO, ou a REDENÇÃO, isto é, a META SUPREMA de nossas vidas, não tem lugar enquanto o eu pessoal continuar se impondo. Só o vazio deixado pelo eu permite a Deus reinar. Enquanto sobreviver o eu, Deus não acontece. O verdadeiro sentido da evolução espiritual é o que Huberto Rohden chamou de egocídio, ou morte do ego.Prefiro chamar de humildação, isto é, a minimização progressiva do ego, simultaneamente com a expansão de Deus.Rigorosamente, à luz da ciência oficial e convencional do mundo, um S. Francisco, a querer morrer como ego, é um caso para tratamento psiquiátrico.Rigorosamente, à LUZ da CIÊNCIA DIVINA e ETERNA, o homem egoísta que nós somos é um mísero padecente, um frágil, um primitivo, um pobre ignorante, que ainda não se conhece como potencialmente divino, como um Espírito Imortal e Livre.Aquele que se tornou "instrumento", sem ego, sem reivindicar amor, consolo e doação, para o mundo dos egoístas é um estranho, para não dizer anormal.O homem normal aí está, a revolver-se nos opostos da existência, a neurotizar-se entre excessos de gozo fácil nas supostas vitórias e a cair em depressão nas pequenas quedas que a vida impõe.Qual é a sua posição?Você está mais para a "anormalidade" de S. Francisco ou para a "normalidade" da dor, depressão, apego, ira, ansiedade, fobia, ambição, falência, carência, instabilidade e insegurança dos homens medíocres, ainda vivendo somente para si e para os "seus"?Chegou a hora da opção.Faça-a você.

Hermógenes, Deus Investe em Você, p. 19

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