terça-feira, 21 de abril de 2009

Superação


Escolho este texto após estar com Hermógenes por 10 dias inteiros, do café da manhã, até a hora de deitar-se. Eventos, seminários, lançamentos em Mariscal, Balneário Camboriú e Curitiba, chegaram à exigir dele até três apresentações diárias, isto aos 86 anos de idade. Nos intervalos das apresentações públicas, o trabalho de rememorar a vida para sua biografia, a ser lançada ano que vem. Acabo de deixá-lo no aeroporto, para retorno à sua residência. Depois de tão próxima convivência, e de recebido tantos ensinamentos, fica difícil a escolha do texto da coluna. Porém recordo-me quando ele nos conta que a Bhagavad Gita é o seu livro predileto, e como ela ensinou a ele, e ele nos ensina a entender o Evangelho a partir da Gita. O quanto ele amplia o significado do Yoga, neste texto escolhido, alinhando uma compreensão em concordância com Krishna, Buda, Patanjali, Sankaracharya, e por último, Jesus. A verdade e valor de seus ensinamentos continuam a ecoar, não só nos depoimentos, mas na crescente repercussão e reconhecimento de seu trabalho.

A superação que estou propondo é basicamente a antítese da regressão. Não é também a anestesia resultante de um desvaneio, nem um atraente canto de sereia. Dela não sou autor, nem mesmo autoridade. É a superação que Sri Krishina sugeriu a Arjuna, um homem em crise existencial, em angústia, disposto a recuar de seus deveres diante da dureza e tormento de ocasião. Ela está magistralmente ensinada no diálogo entre a Divindade (Krishna) e um de nós (Arjuna), num livro de sabedoria suprema chamado Bhagavad Gita. É a mesma que Buda ensinou em toda sua obra. É a mesma sabedoria e o mesmo método que o sábio Patanjali apresentou em seu Yoga Sutra, que há milênios falou do inconsciente (e do superconsciente), muito mais, infinitamente mais sábio, do que Freud conseguiu fazer. É o mesmo caminho que Sri Sankaracharya revelou na Vedanta Advaita. É a mensagem do Evangelho divinamente sintetizado no Sermão da Montanha. É a mesma verdade que se levanta dentro de nós quando em silêncio, humildados e em paz, ressoamos com o OM.


A verdadeira superação só se alcança pelo sacrifício e pela humildação, que predispõem a alma para a indispensável Graça de Deus. Mas, tais condições, por sua vez, dependem de uma coisa, que os gregos chamavam metanóia; João Batista chamava arrependimento; e os hindus, vairagya (sânscrito, que significa des-paixão, renúncia). Quando “o filho pródigo”, já estando arruinado, “comendo com os porcos”, castigado pela dor, constatou, em seu íntimo, a precariedade de todas as soluções humanas, a falsidade das sereias, a frustração da toxmagisex (busca em tóxicos, ou poderes mágicos, ou satisfação sexual), e optou pela “porta estreita”, por “aceitar a cruz”.


Não se sinta desetimulado, desanimado e amedrontado com o optar pela “cruz”. Cristo nos acalma e estimula dizendo: Vinde a mim todos os que estais afadigados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e assim, encontrarei conforto para as vossas almas, pois meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11:30). Se a superação dos Mestres, que tenho proposto , fosse desagradável, dolorosa, repressiva, férrea, impiedosa, masoquista... não teria ajudado milhares de pessoas em sue tormentos existenciais, não teria evitado suicídios, internações, desesperos e lágrimas; não teria ajudado tantos a renovarem suas vidas e a vencerem suas penas.


Prof. Hermógenes, Superação, p.26



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