terça-feira, 21 de abril de 2009

Introdução ao Essencial da Vida


Quando deparei-me com o livro “O Essencial da Vida” em uma livraria, iniciei a leitura da introdução, ao final da mesma, lágrimas escorriam em meu rosto. Palavras poderosas nos convidavam à busca espiritual, abrir mão da rigidez de crenças e valores específicos, e ampliar a visão para os horizontes além das tradições, ou melhor, para onde as diversas tradições nos conduzem. Um trabalho de admirável profundidade, a correlação da Bagavad-Gita com a origem dos termos bíblicos utilizados por Jesus, a busca, a meta do yoga por detrás disto, neste livro, o Prof. Hermógenes nos apresenta o caminho do yoga fundamentado em dois dos textos mais significativos da humanidade.

“A palavra sânscrita yoga, derivada da rais yuj, que significa juntar, jungir, gera termos como conjugar, cônjuge, e se traduz por união, integração, unificação, ligação.

No pólo oposto do Amor, que junta, une, solda, consolida, unifica, age o descalabro do antiamor, que divide, cinde, des-liga, des-une, des-integra, des-armoniza, que gera e nutre distâncias e distinções, que psicologicamente se manifestam, por sua vez, como aversões, ódios, conflitos, hostilidades, violências.

Diavolo é um vocábulo grego que significa aquilo que movimenta ou inclina (volos) para a divisão (dia). Em português, a palavra é diabo. Qualquer comportamento que desagregue, excomungue, separe, distancie... é diabólico. Todo comportamento que conduza à re-ligação, é divino.

Temos, cada um de nós, um poderoso agente que nos rompe,nos racha, nos separa, des-integra, que nos conduz ao desamor, e que, por tudo isto, nos enfraquece, subjuga, neurotiza, perturba, aflige, empobrece...É o diabo, que, geralmente, ou pensamos que não existe ou, se existe, não está em nós, mas longe de nós.

Em verdade, também, em cada um de nós, está a Essência, a Realidade, a Luz, a Paz Suprema, o Infinito Poder. Por termos tudo isto é que podemos nos fazer invencíveis, livres, sadios, serenos, poderosos, riquíssimos. É Deus, o Qual, por nossa forma de viver, negamos que exista e, se existe, acreditamos estar muito além de nosso alcance e nunca O sentimos em nós.

Os Upanishads descrevem uma árvore que abriga dois pássaros iguais na forma, na plumagem e no tamanho. Um, nos ramos inferiores, agitadamente vive a comer os frutos. Quando come um doce se rejubila; quando um amargo, padece. Mas não pára de comer, cativo da gula. Sempre a gozar e a sofrer. No galho mais alto, o outro pássaro, serenamente, equanimemente, isento de prazeres e aflições, paira sobranceiro, estático, imutável, seguro de si, no gozo da genuína paz – ele apenas testemunha a vida inquieta do companheiro.

A árvore representa cada um de nós. O pássaro dos galhos inferiores é nosso ego, o fulano de tal que supomos ser. Esta parte de nós se acha prisioneira dos sofrimentos e gratificações pela implacável sede de curtir o mundo dos sentidos (sensualidade). O outro pássaro, imutável e feliz, tão-somente um sereno observador inatingível, representa o que os Mestres hindus chamam Atman e que nós cristãos podemos chamar Emmanuel (“Deus em nós”), nosso Eu Divino.”

Prof. Hermógenes, O Essencial da Vida, Editora Nova Era, p.15


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