Amar e Sofrer parecem coisas tão próximas que até o significado da palavra Paixão tem seu entendimento perdido entre as duas. Neste texto o Professor Hermógenes nos traz o conceito de viveka (discernimento) em mais um aprofundamento, e utilização prática, que o universo do yoga pode proporcionar em nossas vidas.
O INIMIGO MAIOR do amor não é o ódio. O que mais o polui, inviabiliza, neutraliza e frusta é tudo aquilo que apenas parece amor. Por quê? Porque obscurece, ilude e cega a visão; e a pessoa se engana pensando que ama e, em verdade, somente deseja, se apega, se distrai com a curtição sensual, se contorce em tormentosas crises de ciúmes, se debate aflita no visgo da paixão.
Desejo de conquistar o outro, apego a ele se já o possui, interesse no que o outro tem ou representa ser, tensão erótica nutrida pelas formas sedutoras do outro… tudo isto parece tanto com amor que a pessoa, carente de viveka (discernimento), mergulha no torvelinho emocional, do qual dificilmente consegue escapar. Cuidado com aquilo que tão-somente imita o amor e se faz passar por amor.
Uma jovem, companheira nossa de peregrinação no Sivananda Ashram, pergunto ao Swami Krishnananda: “Por que todas as vezes que eu amo acabo colhendo sofrimento?” A resposta do yogui foi pronta e certeira: “Se há sofrimento, não há amor.”
O sofrimento é uma inevitável consequência de tudo que simplesmente se assemelha ao amor; não consequencia do verdadeiro Amor.
O que se tem denomidado amor não passa de amor-próprio, a experiência evidencia: é fonte de dramas dolorosos. O Amor, ao contrário, é a própria felicidade. É meta sublime a ser alcançada. Como? Mediante a redução gradativa do ego, ou seja, pela humildação, que minimiza a febre do amor-próprio.
Hermógenes, O Essencia da Vida, p. 229
Yoga Hermógenes
Textos para Estudo
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
O Maior dos Medicamentos
domingo, 27 de maio de 2012
Yogaterapia e o Rádio
Neste texto o Professor Hermógenes apresenta seu talento em fazer correlações simples para auxiliar o entendimento de seu leitor. A partir desta correlação, no mesmo livro, ele aprofunda o tema a falar dos diversos “corpos sutis”, emoção, energia e outros conceitos, demonstrando uma fantástica habilidade de facilitar e desmistificar os ensinamentos das tradições orientais, não só relacionados ao yoga, mas à medicina oriental. Em Hermógenes, em especial no livro aqui referenciado, o yoga é tratado em uma de suas mais elevadas formas, a de terapia, de auxílio à cura, como uma medicina oriental, que não esquece da integralização com a espiritualidade do indivíduo.
Vitor, Professor Hermógenes e Pedro Kupfer
Yogaterapia e o Rádio
Quando escutar seu rádio da próxima vez, faça um exercício de reflexão, seguindo mais ou menos este esquema: além deste aparelho, há um programa, este que eu estou ouvindo; este programa está no rádio, trazido e mantido por uma frequência de onda; esta, por seu turno, não existiria sem corrente elétrica. Aqui está constituído um sistema que lembra muito o ser humano em sua globalidade. O rádio é o corpo material. O programa é o que chamaremos “corpo sutil”. A frequência de onda, o “corpo causal. Finalmente, a eletricidade, que neste símile representa o espírito ou consciência, que, sendo um só, está presente em bilhões de rádios existentes.
Se você, entretido somente com o aparelho, negligenciasse a consideração com tudo mais que dá sentido e utilidade ao próprio rádio, estaria se comportando com muito pouca inteligência. Não é? Pois bem, assim é a visão materialista. “Só existe o rádio”, afirmam os materialistas. Para eles, se o aparelho vier a quebrar-se, deixaria de existir tudo mais, ou seja, o programa, a frequência e a eletricidade. Isto é aceitável? É lógico? Representa a verdade?
Com base nessa reflexão, concluímos que não é a sofisticação do aparelho receptor que assegura a boa qualidade do programa. Ao sintonizar a frequência, você está optando pelo se bom ou mau gosto. Não adianta aprimorar a qualidade e as características do rádio. Ora, mesmo que dotado de refinado bom gosto, se a eletricidade faltar, você não conseguirá sintonizar o programa de sua preferência, mesmo que seu aparelho seja novinho e de última geração.
Uma terapia que se limite ao corpo, ignorando tudo mais que o sustenta e o administra, é tão inteligente como cuidar somente do aparelho de rádio, o qual, com o tempo, inevitavelmente se decompões e deixa de existir.
Hermógenes, Saúde Plena com Yogaterapia, p. 67
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Poema Se
O professor escreve este poema no livro Canção Universal, sem seu documentário "Deus me livre de ser normal", a força das palavras ecoou e ganhou fama na voz do ator Carlos Vereza.
Hermógenes nos apresenta a importância de não desistirmos da luta, por que ao final, será muito triste ter vivido em vão.
Hermógenes nos apresenta a importância de não desistirmos da luta, por que ao final, será muito triste ter vivido em vão.
Poema Se
Hermógenes
Hermógenes
Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...
Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...
Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...
Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...
Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...
Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...
Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...
Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...
Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...
Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...
Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...
Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...
Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...
Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,
E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...
Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...
Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...
Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...
Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...
Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...
Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...
Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Prefácio Iniciação ao Yoga
Técnicas, técnicas e
mais técnicas. Cursos, vivências e retiros. Marcas, registros e
estilos. Yoga disto, yoga daquilo, que se escreve deste ou daquele
jeito. Isto é yoga, aquilo não é yoga. O Prof. Hermógenes
explica, neste trecho de um prefácio, o que deve ser visto e buscado
além da confusão. Mesmo os muitos que o adoram, ainda se perdem,
sem entender, sua mensagem tão clara, e se perdem na diversidade do
mundo. Como ele mesmo nos diz, busquemos: intimidade com o Supremo.
O objetivo principal
deste trabalho é mostrar o que o yoga sempre foi, é e nunca deixará
de ser. Não segundo “minha” opinião, não como “eu” o vejo,
mas como as escrituras milenares explicam e definem. Isto é
importante para resgatar o yoga de tantos retoques e maquiagens que
vêm sendo produzidos por aventureirismo descompromissado ou por
motivos menso dignos. Muita gente tem feito ginástica na convicção
de estar praticando yoga. SE você encher um caneco com água da
praia não vai acreditar que o mar agora seja todo seu. Pois é isto
o que lamentavelmente está acontecendo.
A meta final do yoga é
ciclópica. É como beber todo o mar. Libertar você de toda aflição,
de qualquer forma de sofrimento e limitação, é a meta.
Como?!
Por ajudá-lo a
tornar-se íntimo (um só) com o Ser Supremo, Deus. Yoga é
precisamente isto. “Mas deve ser quase impossível”, poderá você
pensar. É dificílimo. Reclama um investimento radical de
existência. No entanto vale a pena e é possível...
Pode lhe causar
surpresa encontrar um livro sobre Yoga numerosas citações precisas
e oportunas do Evangelho de Jesus. Possivelmente você questionará:
Jesus foi um yogui?! Foi, não. Eternamente é. Leia o livro.
Reflita. Conclua por si mesmo.
A verdadeira
religiosidade tem uma grandiosa meta, que está sugerida na
etimologia da palavra religião. Religião significa re-ligação da
alma com sua Infinita e Eterna Essência, Deus. Yoga significa
rigorosamente o mesmo. Vale a pena meditar sobre isto. E você, se já
não sabe, virá a entender – é para re-unir-se a Deus, e não por
outra razão nem para outro uso, que dispõe desta existência.
Prefácio do livro
Iniciação ao Yoga
A Máquina Humana
Quando nos conhecemos,
eu e Hermógenes, eu o presenteei com meu primeiro livro, que contava
a história de minha cura do câncer. Um linfoma. Fiquei surpreso ao
receber carta sua, dizendo que fazia tempo que não lia um livro sem
parar, e que éramos irmãos de caminhada espiritual, ele curado da
tuberculose, eu curado do câncer. Só depois reconheci o tamanho da
humildade da sua carta. Pois ele havia se encantado com meu livro,
sendo que ele havia escrito vários sobre a cura, e formas de se
alcançar a cura, entre eles, este do qual o texto foi extraído,
Sáude Plena com Yogaterapia. Como em muitos outros de seu trabalho,
exerce com excelência a aproximação da cultura oriental junto com
o conhecimento ocidental. Harmoniza os diferentes saberes para que
seu leitor se encante, aprenda, e principalmente, cresça
espiritualmente.
Os Vedas já nos
disseram o bastante, mas nossa mentalidade ocidental vive de joelhos
diante do altar da Ciência, pedindo informações e confirmações
científicas, tidas como as únicas confiáveis. Pois bem, sendo
assim, vamos tomar de emprestado alguns pesquisadores científicos
mais recentes informações que considro importantíssimas, por
insuspeitas e exatas. Vejamos o que eles dizem sobre o corpo, isto é,
sobre nossa “máquina”.
Comecemos pelas
células, esses subsistemazinhos tidos como os tijolos que formam o
edifício do corpo.
Os cem trilhões de
células que constituem o nosso corpo morrem numa proporção de
5.700.000 por segundo e, na mesma proporção, nascem suas
substitutas. Quando estamos com saúde, as que nascem são exatamente
iguais àquelas as quais elas substituem. Cada célula, dispondo de
capacitância e indutância (constatado por Lakhovsky Meek), se
comunica com as outras como se usasse uma espécie de walkie-talkie
próprio. George Meek acredita que cada célula, ou melhor, cada
“vida celular”, parece ter conhecimentos instintivos suficientes
daquilo que lhe é essencial para que sempre se mantenha sadia e
sadiamente se reproduza. As células tem mentes instintivas capazes
de se comunicar entre si. Os sábios védicos mencionas “as
pequenas consciências”. Não seriam as consciências celulares?
Assim sendo, temos base para sugerir: “quando em relaxamento
profundo, converse com suas células, ame-as, exalte-as,
expresse-lhes sua confiança...” Isso poderá até curar câncer.
Quase todo o corpo é
constituído de proteínas, as quais, como as células por ela
constituídas, são permanentemente renovadas. As proteínas do
fígado e da linfa são renovadas de dez em dez dias. A cada dez dias
você tem um fígado novo. Em cada 158 dias seus pulmões, seu
estômago, sua pele e seus músculos já não são os mesmos. Aliás,
ficamos sabendo que nosso corpo é mudado de 158 em 158 dias. E onde
fica a velha certeza de que nosso corpo tem tantos anos como já
vivemos? Dá para continuar acreditando que nosso corpo é uma
estrutura sólida, firme? Nada disso. Essas descobertas vieram
justificar o nome que os velhos sábios da Índia davam ao corpo:
anna-maya-kosha, traduzindo: “veste” (kosha) “ilusória” ou
“nada além de” (maya) feita de material derivado dos alimentos
(anna). Segundo eles, o corpo faz parte do universo, do jagat – o
universo que não cessa de mudar, de se transformar.
Hermógenes, Sáude
Plena com Yogaterapia, p.211
Entrego Confio Aceito e Agradeço
Neste
último dia dos namorados, Lili, minha esposa, entrou para a cirurgia
cesariana que daria nascimento à nossa filha, Maria Mariana.
Hermógenes já estava a nos ligar semanalmente, perguntando se a
entrega (o bebê) já havia sido feita. Momentos antes que eu
entrasse na sala de cirurgia, liguei para Hermógenes e disse: -
Professor, vai ser agora! E ele ordenou: - Vitor, repita comigo:
Entrego...(esperou que eu repetisse),Confio..., Aceito,...e
Agradeço.
Depois que repeti, tão explicito comando, ele finalizou: - Agora vai, que estou em prece. Ligue-me quando tudo finalizar.
Corri para a sala de cirurgia, presenciar o primeiro pranayama de minha filha.
Assim que Lili, Maria Mariana e eu estávamos no quarto da maternidade, ligamos para Hermógenes, que novamente abençoou no nascimento.
Depois que repeti, tão explicito comando, ele finalizou: - Agora vai, que estou em prece. Ligue-me quando tudo finalizar.
Corri para a sala de cirurgia, presenciar o primeiro pranayama de minha filha.
Assim que Lili, Maria Mariana e eu estávamos no quarto da maternidade, ligamos para Hermógenes, que novamente abençoou no nascimento.
Envolvidos
por uma situação de estresse violento, de desafio alarmante,
assaltados pela dor em forma de doença, pelo desemprego,
desconforto, quando imersos numa crise que ultrapassa nossas
esperanças de solução, é imperioso mobilizar todos nossos
talentos, poderes, possibilidades, nossas reservas, para tentar uma
saída, uma superação. Depois disso, se ainda nos vemos submetidos,
manietados, derrotados, extenuados, vencidos, condenados... que resta
fazer?
Para
fazer face a situações assim, que me convencem de minha impotência,
tenho aplicado, com vitória, uma estratégia que minha longa
existência me fez aprender: entrego o problema ou entrego a mim
mesmo, confiando na providência divina, e, portanto, predisposto a
aceitar o que vier como resposta, e, numa prova de amor e fé,
agradeço a Deus, antecipadamente, pela resposta que Ele achar
melhor, seja qual for. Entrego, confio, aceito e agradeço!
A
entrega não chega a ser verdadeira se desejamos uma determinada
resposta. Se nos entregarmos totalmente, de imediato a paz nos
acaricia. Aí, naturalmente deixamos a batalha com Deus, que tudo
pode, para que ele batalhe por nós. O alívio é imediato. Estar
entregue a Deus é a mais perfeita condição de ahimsa, de brandura,
de sábia imobilidade e, por isso mesmo, a mais eficaz.
Suponho
que Deus, que sempre nos quer vivos, sadios, felizes, vitoriosos, se
sente homenageado quando Lhe damos a chance de nos socorrer. Ele, que
sempre deseja nossa fiel e incondicional confiança, aproveita a
entrega e põe a nosso favor Sua onisciência, onipresença,
onipot^neica, e é só o que nos salva. Enquanto, apavorados,
estressados, nos debatemos em gestos inócuos, desesperados,
imprecisos, violentos e agoniados, ele não encontra condições de
assumir nossa batalha; não tem como atuar.
Ter
fé em que Deus nos dará isso ou nos livrará daquilo é o que mas
se vê. E achamos que agir assim é ter fé. Não é. A verdadeira fé
consiste em calar para que Ele fale, em nos reder ao que Ele quiser
fazer de nós e por nós. Entenda este “seja feita a Vossa vontade”
como wuwey, brandura, ahimsa, não-violência, saranagathi. Se você
quiser dar uma chance a Deus para que Ele ganhe a batalha, para que o
salve, cure, liberte, ilumine, pacifique, o que tem a fazer é
precisamente oferecer-Lhe sua quietude, sua brandura, sua
não-violência. Se continuar afobado, com pode Deus
atuar.
Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus (Salmos 46:10)
Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus (Salmos 46:10)
Hermógenes,
Convite à Não Violência, p.109
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Meditação Antidistresse
Nas várias pesquisas que fizemos para a biografia do Professor Hermógenes, encontramos um material especial que ele utilizava em palestras e cursos, que chamava de “Treinamento Antidistresse”. Trazia os ensinamentos de yoga para o homem de vida e tensões modernas. Sua capacidade de ajustar as técnicas indianas para o uso da pessoa comum, era de especial cuidado neste treinamento. Aqui, selecionamos uma pequena parte deste material, que não está em livro algum, mas tirada dos arquivos do Prof. Hermógenes.
Algumas das posturas da Hatha Yoga facilitam a prática da meditação. São as sentadas, com a
coluna alinhada de forma natural, pois contribuem para uma melhor canalização da circulação
energética e proporcionam a estabilidade física e o conforto necessários para uma
harmonização psíquico-espiritual.
Eis algumas delas:
· Sukhâsana ou postura fácil:
Sente-se com as pernas unidas e esticadas. Utilizando as mãos, flexione a perna
esquerda e leve o pé desta para baixo da perna direita. Em seguida flexione a outra
perna e leve o pé direito para baixo da perna esquerda. Conserve o tronco na vertical.
· Padmâsana ou postura de lótus:
Sente-se com as pernas unidas e estendidas. Leve o peito do pé direito a pousar sobre
a coxa esquerda, de forma que a sola do pé fique voltada para cima. Depois, faça o pé
esquerdo pousar sobre a coxa direita. Ambos os joelhos tocam o solo e apontam para
frente. Os calcanhares pressionam o abdômen logo acima da região pubiana.
· Varjrâsana ou pose do diamante:
Ajoelhe-se conservando os joelhos juntos e os pés esticados, de forma que a pernas se
apóiem no solo. Os dedos dos pés ficam apontados para dentro e quase se tocam.
Sente-se sobre as pernas, mantendo a cabeça alinhada e a coluna ereta, sem rigidez.
SILÊNCIO NATURAL E FECUNDO
Não é uma tarefa simples afirmar o que é meditação. As pessoas "compram" a idéia de
que a meditação é uma técnica que as libertará de seus pesares e dores, executando
uma entre tantas outras formas de meditação. Dirão que o praticante deverá sentar-se
em uma posição fácil e confortável e com a coluna ereta, relaxar o corpo, respirar em
determinada freqüência, concentrar-se em um ponto, pensamento, imagem ou mantra e
procurar, com esforço de sua vontade, criar um estado de atenção tal que a mente não
fuja do objeto sob foco da atenção. Assim tantos fracassam, desanimando-se após
algumas tentativas. Abandonam, decepcionados, a grande via para a compreensão da
realidade, acreditando-se incapazes para tal tarefa.
Certamente que a meditação não é isto que apregoam. A meditação é um estado
natural da mente, ao qual se chega sem esforço da vontade, mas trabalhando com
ternura e seriedade por estágios preliminares onde se estabelecem as condições
necessárias para a maturidade de uma percepção e ação retas. Devemos observar o
verdadeiro problema que não é a conquista da atenção a qualquer preço, mas
simplesmente fazer desaparecer a desatenção. Podemos estabelecer uma nova relação
entre a periferia da mente, onde ocorrem as distrações e o centro focal da mente.
A mente das pessoas comuns divaga pela periferia, saltando de um pensamento para
outro, obedecendo às leis de associação, sempre perdendo rapidamente o objeto focal,
distanciando-se do centro de seu interesse produzido por um estímulo externo ou
interno.
A mente de algumas pessoas bem treinadas na arte da concentração, foca sobre um
objeto qualquer e exclui todo o qualquer objeto da periferia, consumindo para tal
prodígio grande quanto quantidade de energia; cria uma zona de grande conflito entre
centro e periferia e, portanto, tensão. Ora, sempre que damos as costas à margem, ao
periférico, para olharmos para o centro, acabamos por olhar o periférico por outro
ângulo; afinal o centro é um ponto, uma singularidade. Criamos, em verdade, uma
dualidade centro-periferia, mente superior-mente inferior, mantendo-nos no jogo eterno
da mente, que fraciona a realidade.
O ESTADO MEDITATIVO
A nova relação é um prestar atenção total às distrações da mente, perceber seu
movimento do centro para a periferia e deste para o centro, sem conflitos, sem esforço,
não há intenção nos movimentos. Neste estado há um total relaxamento da mente e a
atenção acontece, dá-se por si mesma.
Quando não há resistência à mente e a seus conteúdos, estes se esgotam por si
mesmos, não é possível esvaziar a mente, a mente esvazia-se a si mesma.
Surge um silêncio natural e fecundo. Neste estado a percepção acontece sem
deformações produzidas pelos conteúdos da mente, não há reações nascidas dos
condicionamentos adquiridos; pode-se agir retamente, pois a realidade é percebida em
sua inteireza. Cada olhar é um novo olhar, nada é velho, tudo é sempre novo para uma
mente inocente. é possível que você já tenha estado nesta condições, ainda que por
uma fração de segundo.. talvez olhando uma flor orvalhada pela manhã, ou ao ver uma
criança sorrindo, um crepúsculo, ou quem sabe o seu próprio rosto ao espelho; neste
instante atemporal não havia feio ou belo, certo ou errado, espiritual ou material,
passado ou futuro, havia apenas Vida... Vida em abundância.
Extraído de um trabalho do Prof. Hermógenes sobre Treinamento Antidistresse
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