sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Meditação Antidistresse

Nas várias pesquisas que fizemos para a biografia do Professor Hermógenes, encontramos um material especial que ele utilizava em palestras e cursos, que chamava de “Treinamento Antidistresse”. Trazia os ensinamentos de yoga para o homem de vida e tensões modernas. Sua capacidade de ajustar as técnicas indianas para o uso da pessoa comum, era de especial cuidado neste treinamento. Aqui, selecionamos uma pequena parte deste material, que não está em livro algum, mas tirada dos arquivos do Prof. Hermógenes.


Algumas das posturas da Hatha Yoga facilitam a prática da meditação. São as sentadas, com a

coluna alinhada de forma natural, pois contribuem para uma melhor canalização da circulação
energética e proporcionam a estabilidade física e o conforto necessários para uma
harmonização psíquico-espiritual.
Eis algumas delas:
· Sukhâsana ou postura fácil:
Sente-se com as pernas unidas e esticadas. Utilizando as mãos, flexione a perna
esquerda e leve o pé desta para baixo da perna direita. Em seguida flexione a outra
perna e leve o pé direito para baixo da perna esquerda. Conserve o tronco na vertical.
· Padmâsana ou postura de lótus:
Sente-se com as pernas unidas e estendidas. Leve o peito do pé direito a pousar sobre
a coxa esquerda, de forma que a sola do pé fique voltada para cima. Depois, faça o pé
esquerdo pousar sobre a coxa direita. Ambos os joelhos tocam o solo e apontam para
frente. Os calcanhares pressionam o abdômen logo acima da região pubiana.
· Varjrâsana ou pose do diamante:
Ajoelhe-se conservando os joelhos juntos e os pés esticados, de forma que a pernas se
apóiem no solo. Os dedos dos pés ficam apontados para dentro e quase se tocam.
Sente-se sobre as pernas, mantendo a cabeça alinhada e a coluna ereta, sem rigidez.

SILÊNCIO NATURAL E FECUNDO
Não é uma tarefa simples afirmar o que é meditação. As pessoas "compram" a idéia de
que a meditação é uma técnica que as libertará de seus pesares e dores, executando
uma entre tantas outras formas de meditação. Dirão que o praticante deverá sentar-se
em uma posição fácil e confortável e com a coluna ereta, relaxar o corpo, respirar em
determinada freqüência, concentrar-se em um ponto, pensamento, imagem ou mantra e
procurar, com esforço de sua vontade, criar um estado de atenção tal que a mente não
fuja do objeto sob foco da atenção. Assim tantos fracassam, desanimando-se após
algumas tentativas. Abandonam, decepcionados, a grande via para a compreensão da
realidade, acreditando-se incapazes para tal tarefa.
Certamente que a meditação não é isto que apregoam. A meditação é um estado
natural da mente, ao qual se chega sem esforço da vontade, mas trabalhando com
ternura e seriedade por estágios preliminares onde se estabelecem as condições
necessárias para a maturidade de uma percepção e ação retas. Devemos observar o
verdadeiro problema que não é a conquista da atenção a qualquer preço, mas
simplesmente fazer desaparecer a desatenção. Podemos estabelecer uma nova relação
entre a periferia da mente, onde ocorrem as distrações e o centro focal da mente.
A mente das pessoas comuns divaga pela periferia, saltando de um pensamento para
outro, obedecendo às leis de associação, sempre perdendo rapidamente o objeto focal,
distanciando-se do centro de seu interesse produzido por um estímulo externo ou
interno.
A mente de algumas pessoas bem treinadas na arte da concentração, foca sobre um
objeto qualquer e exclui todo o qualquer objeto da periferia, consumindo para tal
prodígio grande quanto quantidade de energia; cria uma zona de grande conflito entre
centro e periferia e, portanto, tensão. Ora, sempre que damos as costas à margem, ao
periférico, para olharmos para o centro, acabamos por olhar o periférico por outro
ângulo; afinal o centro é um ponto, uma singularidade. Criamos, em verdade, uma
dualidade centro-periferia, mente superior-mente inferior, mantendo-nos no jogo eterno
da mente, que fraciona a realidade.

O ESTADO MEDITATIVO
A nova relação é um prestar atenção total às distrações da mente, perceber seu
movimento do centro para a periferia e deste para o centro, sem conflitos, sem esforço,
não há intenção nos movimentos. Neste estado há um total relaxamento da mente e a
atenção acontece, dá-se por si mesma.
Quando não há resistência à mente e a seus conteúdos, estes se esgotam por si
mesmos, não é possível esvaziar a mente, a mente esvazia-se a si mesma.
Surge um silêncio natural e fecundo. Neste estado a percepção acontece sem
deformações produzidas pelos conteúdos da mente, não há reações nascidas dos
condicionamentos adquiridos; pode-se agir retamente, pois a realidade é percebida em
sua inteireza. Cada olhar é um novo olhar, nada é velho, tudo é sempre novo para uma
mente inocente. é possível que você já tenha estado nesta condições, ainda que por
uma fração de segundo.. talvez olhando uma flor orvalhada pela manhã, ou ao ver uma
criança sorrindo, um crepúsculo, ou quem sabe o seu próprio rosto ao espelho; neste
instante atemporal não havia feio ou belo, certo ou errado, espiritual ou material,
passado ou futuro, havia apenas Vida... Vida em abundância.

Extraído de um trabalho do Prof. Hermógenes sobre Treinamento Antidistresse

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