sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Entrego, Aceito, Confio e Agradeço


Neste último dia dos namorados, Lili, minha esposa, entrou para a cirurgia cesariana que daria nascimento à nossa filha, Maria Mariana. Hermógenes já estava a nos ligar semanalmente, perguntando se a entrega (o bebê) já havia sido feita. Momentos antes que eu entrasse na sala de cirurgia, liguei para Hermógenes e disse: - Professor, vai ser agora! E ele ordenou: - Vitor, repita comigo: Entrego...(esperou que eu repetisse), Aceito..., Confio,...e Agradeço.
Depois que repeti, tão explicito comando, ele finalizou: - Agora vai, que estou em prece. Ligue-me quando tudo finalizar.
Corri para a sala de cirurgia, presenciar o primeiro pranayama de minha filha.
Assim que Lili, Maria Mariana e eu estávamos no quarto da maternidade, ligamos para Hermógenes, que novamente abençoou no nascimento.


Envolvidos por uma situação de estresse violento, de desafio alarmante, assaltados pela dor em forma de doença, pelo desemprego, desconforto, quando imersos numa crise que ultrapassa nossas esperanças de solução, é imperioso mobilizar todos nossos talentos, poderes, possibilidades, nossas reservas, para tentar uma saída, uma superação. Depois disso, se ainda nos vemos submetidos, manietados, derrotados, extenuados, vencidos, condenados... que resta fazer?
Para fazer face a situações assim, que me convencem de minha impotência, tenho aplicado, com vitória, uma estratégia que minha longa existência me fez aprender: entrego o problema ou entrego a mim mesmo, confiando na providência divina, e, portanto, predisposto a aceitar o que vier como resposta, e, numa prova de amor e fé, agradeço a Deus, antecipadamente, pela resposta que Ele achar melhor, seja qual for. Entrego, confio, aceito e agradeço!
A entrega não chega a ser verdadeira se desejamos uma determinada resposta. Se nos entregarmos totalmente, de imediato a paz nos acaricia. Aí, naturalmente deixamos a batalha com Deus, que tudo pode, para que ele batalhe por nós. O alívio é imediato. Estar entregue a Deus é a mais perfeita condição de ahimsa, de brandura, de sábia imobilidade e, por isso mesmo, a mais eficaz.
Suponho que Deus, que sempre nos quer vivos, sadios, felizes, vitoriosos, se sente homenageado quando Lhe damos a chance de nos socorrer. Ele, que sempre deseja nossa fiel e incondicional confiança, aproveita a entrega e põe a nosso favor Sua onisciência, onipresença, onipot^neica, e é só o que nos salva. Enquanto, apavorados, estressados, nos debatemos em gestos inócuos, desesperados, imprecisos, violentos e agoniados, ele não encontra condições de assumir nossa batalha; não tem como atuar.
Ter fé em que Deus nos dará isso ou nos livrará daquilo é o que mas se vê. E achamos que agir assim é ter fé. Não é. A verdadeira fé consiste em calar para que Ele fale, em nos reder ao que Ele quiser fazer de nós e por nós. Entenda este “seja feita a Vossa vontade” como wuwey, brandura, ahimsa, não-violência, saranagathi. Se você quiser dar uma chance a Deus para que Ele ganhe a batalha, para que o salve, cure, liberte, ilumine, pacifique, o que tem a fazer é precisamente oferecer-Lhe sua quietude, sua brandura, sua não-violência. Se continuar afobado, com pode Deus atuar.
Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus (Salmos 46:10)

Hermógenes, Convite à Não Violência, p.109

4 comentários:

  1. Obrigada, Vitor, pela criaçao do blog e por compartilhar tão importantes ensinamentos, nos dando a oportunidade de (re)conhecimento.

    Espero conseguir, de verdade, Entregar, Aceitar, Confiar e Agradecer.

    Paz!
    Aucilene

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  2. achei maravilhosa a mensagem que irei praticar na minha vivencia

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  3. achei maravilhosa a mensagem que irei praticar na minha vivencia

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