segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Perfume do Santo da Montanha

Alguns textos de Hermógenes nos passa a impressão de que que não precisaríamos mais ler outras coisas suas. Tal a profundidade do que está escrito, que a meditação e a reflexão profunda do texto. Sua análise, em cruzamento com os acontecimentos de nossa vida, poderia nos fornecer orientação e avanço na caminhada espiritual por longo período. Este texto escolhido é exemplo disto. A obra “Silêncio, Tranquilidade e Luz” está sendo relançada, em novo belo formato, pela editora H, e dá novo visual a este belo trabalho de Hermógens. Com que reforça nos lembra de nossa essência. Seja tu mesmo!


A cabana do Santo era muito pobre. Era muito longe, a muitos sois. Estava muito alta, lá juntinho do pico mais nevado. Ficava nas terras onde o sol nasce. Mas ele peregrinou. Sofreu muito. Venceu distâncias e dificuldades e toda sorte de privação. mas ele chegou à cabana pobre do Santo, cujo olhar silenciosa e orvalhado de maior bondade envolvia o forasteiro e aconchegava quem o buscasse, quem chegasse até lá. Viveu com o Santo, acompanhou-o em suas austeridades, impregnou-se de sua imensa paz imperturbável, colheu de seu infinito saber e aprendeu bondade. Cedo demais voltou. Dedo demais despediu-se, em silêncio, do Santo da Montanha, que ficou em meditação. Cedo demais retornou ao mundo vulgar que deixara.
À princípio, nos atos, nos modos, no olhar, nas palavras era todo paz, saber, bondade...
A paz, o saber e a bondade do Santo que ainda o acompanhavam, assim como o perfume de varetas de incenso, que adere à roupa guardada no mesmo armário... Era bom, era gostoso gozar de sua perfumada presença...
Mas o mundo que o cercava foi demasiado demolidor. A vulgaridade, com seu poder corrosivo e esterilizante, não demorou a triunfar. Arrebataram-lhe, aos poucos, o que le trouxera... Os miasmas do mundo competitivo, a fedentina dos interesses e os refinados perfumes artificiais paradisíacos, de pessoas que se acercavam, egoístas e aliciantes, sem respeito e sema amor, acabaram por sufocar o cheiro bom de santidade... A paz, a sabedoria, a bondade emigraram, não se sabe para onde... Foram afastadas pelas condições adversas reinantes nas mediocridade maciça...
Meu irmão, que voltaste da cabana do Santo, desperta, reage, não eixes que tudo se perca... Lembra-te do quanto andaste, do quanto suportaste... Lembra, com amor e devoção, a magnanimidade do Santo e dos divinos momentos de meditação silenciosa na paisagem da montanha, na cabana pobre do Santo... Esforça-te com empenho e conseguirás atrair novamente a ti o bom perfume de homem bom, a limpidez da alma santa, a paz reinante no coração amoroso...
Eu e muitos outros que não tivemos a ventura de conviver com o Santo da Montanha, nós que não tivemos a felicidade de Sua presença, nós precisamos de ti. Por que não ficaste mais tempo, o tempo suficiente para que tu também tivesses virado perfume?!... se aqui tivesses chegado perfume e não somente impregnado de perfume, a mediocridade malcheirosa não venceria... Reage, me irmão, restaura a paz, o saber e a bondade... Seja tu mesmo Paz, Saber, Bondade e perfuma todo o mundo.

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